DE OLHO NA NFL #10

 

Essa coluna tem como objetivo disseminar a discussão sobre assuntos relevantes da semana e do campeonato em si.

Para comemorar a 10ª edição dessa coluna, falarei essa semana do grande jogo entre Patriots e Eagles no Super Bowl LII e o embate entre os técnicos.

 

Como Doug Pederson derrotou Bill Belichick e levou os Eagles ao inédito e tão sonhado Super Bowl?

 

Desde o início do campeonato várias pessoas têm falado da genialidade de Doug Pederson no comando ofensivo dos Eagles. Chamadas agressivas, criativas e, mais importante, abusando das fraquezas de cada adversário.

Mais uma vez vimos um exemplo desse trabalho sensacional. Possivelmente foi seu maior desafio, pois do outro lado estava o melhor técnico da história, Bill Belichick, conhecido exatamente pela excelência na preparação para as partidas.

Com Nick Foles como seu quarterback titular, Pederson sabia que teria que inovar para levar a melhor. Sabia que era necessário pensar sempre na jogada seguinte. Foi o que ele fez. Mudou sua preparação e o esquema de jogo. Se Belichick é um gênio quando sabe o que vai enfrentar, Pederson então mudou seu próprio estilo para que a preparação dos Patriots fosse por água abaixo.

Ao longo de todo o campeonato os Eagles trabalham de forma constante com seus running backs: cada um ficava em campo quase que uma campanha completa. Nessa partida fez maior revezamento entre eles jogada após jogada.

Fez um primeiro tempo abusando do jogo aéreo (23 passes), tendo como alvo principal Alshon Jeffery, em contraponto ao que todos previam, que seria maior uso do jogo terrestre.

Pra finalizar o segundo quarto, veio uma das mais corajosas jogadas da história do Super Bowl: o passe para Nick Foles numa quarta descida na linha de 1 jarda. Naquele momento o time liderava por 3 pontos e faltavam 38 segundos no relógio. Poderiam chutar um FG pra aumentar a vantagem para 6.

Entretanto, após pedir um tempo para pensar melhor no seu próximo movimento, os Eagles decidiram arriscar. Quando a câmera focou em Pederson, ele mostrou para Blount (que estava na lateral do campo) qual jogava havia escolhido. Blount deixou escapar um sorriso. Me ajeitei na cadeira pois sabia que viria algo de interessante. E veio.

Esse tipo de jogada dificilmente dá certo se o adversário utilizar uma marcação por zona, mas New England sempre usa marcação homem a homem dentro da endzone. Mais uma demonstração do bom preparo de Pederson e 10 pontos de diferença no placar no intervalo da partida.

Sabendo que os Patriots sempre fazem bons ajustes no intervalo, na volta para o segundo tempo o foco de seu ataque mudou. O jogo aéreo passou mais por Nelson Agholor, aproveitando também a fragilidade demonstrada por New England no primeiro tempo na cobertura defensiva, principalmente com a ausência de Malcolm Butler.

Vejam, estou muito distante de ser um grande fã de Butler, mas sua não participação no jogo prejudicou os Patriots. Ele foi o jogador da defesa que mais entrou em campo ao longo do campeonato (98% dos snaps), treinou durante toda a semana e estava uniformizado na lateral do campo. Claramente a equipe não estava preparada para jogar sem ele. Pareceu uma decisão isolada de Belichick. Dificilmente ele dará explicações a respeito, mas deveria.

Doug Pederson e Nick Foles bateram de frente com Tom Brady e Josh McDaniels no “tiroteio”. Méritos também para a linha ofensiva dos Eagles, que fez um trabalho fantástico novamente (já tinham dominado o jogo contra os Vikings).

No último período, quando Tom Brady costuma assumir o controle e ditar o ritmo da partida, Foles e Pederson mostraram mais uma vez boa preparação e conseguiram colocar pontos no placar.

E aquilo que todos haviam falado da pressão em cima de Tom Brady que a defesa dos Eagles seria capaz de aplicar? Bem, se tornou real no momento chave do jogo. Quando Brady pegou a bola para o que poderia ser a campanha final, precisando “apenas” de um touchdown, todos já imaginavam mais uma virada histórica. Sabemos que não foi isso que aconteceu.

Os Eagles fizeram pressão com apenas 4 homens. Como na maior parte do jogo, Fletcher Cox sofreu bloqueio duplo (Left Guard e Center). Inspirados na fórmula utilizada pelos Giants quando bateram os Patriots, a linha defensiva dos Eagles se ajustou e trouxe Brandon Graham (que normalmente alinha como pass rusher externo) para dentro, ficando mano a mano com o Right Guard. Sack, fumble e bola dos Eagles.

Após gastar bem o relógio e acabar com os timeouts dos Patriots, o time da Philadelphia chutou para mais 3 pontos, abrindo 8 de vantagem. Só faltava o último teste para o coração: a hail mary de Brady para Gronk. Passaram no teste. E assim o Philadelphia Eagles se tornou o mais novo campeão do Super Bowl.

Méritos para Doug Pederson e companhia. A comissão técnica fez um trabalho sensacional na montagem dessa equipe e superando os obstáculos da temporada, principalmente a saída do astro (e candidato a MVP) Carson Wentz. Parabéns a Nick Foles pela excelente partida. Parabéns Eagles. Fly Eagles Fly.

Para os Patriots, nada de falar que acabou a história desse time. Com Brady e Belichick (e agora o surpreendente retorno de Josh McDaniels) esse time tem totais condições de brigar por mais um título. Ajustes são necessários, principalmente no pass rush e na posição de cornerback (a saída de Butler é mais do que certa), mas ainda vejo na AFC poucos times com calibre para bater de frente com essa equipe.

 

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Gostaram da partida tanto quanto eu? Querem adicionar alguma coisa a essa história?

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