E a culpa é do Eli

Thiago Perdigão

Eli Manning para presidente!

Eli Manning é o maior quarterback da história do New York Giants.

E aí não se contam somente os títulos. O momento do jogo interfere. O futebol americano de hoje é muito diferente do que era há 20 anos. Que já era diferente de 30. E 40...

Mas dois títulos de Super Bowl, dos quatro que a franquia conquistou, são salvo-conduto para eternizar um jogador no time? Não são. Mas deveriam ser quase isso. E são para quase toda a comunidade da NFL.

Menos para um técnico fraco e perdido como o atual do New York Giants. Técnico que fez um time que esteve nos playoffs do ano passado ser capaz de ganhar apenas dois jogos em 2017. A culpa é toda dele? Claro que não. Mas fica claro que ele tem muita culpa. Muita mesmo.

E a culpa é do Eli?

O vestiário é uma zona desde o começo da temporada. Afastamentos, decisões estranhas, punições bizarras... não foram poucas as polêmicas extra-campo nesta temporada. O ataque, que gerou expectativas antes dos jogos começarem, se mostrou fraco desde a pré-temporada.

E a culpa é do Eli?

A linha ofensiva, que foi horrível em 2017, continuou uma vergonha. O curioso é que o left tackle Erik Flowers, que é fraco e comete erros patéticos, continua no time.

E a culpa é do Eli?

O time perdeu todos os seu wide receivers titulares. Tem uma linha ofensiva que segura bloqueio, sendo bem otimista, por menos de um segundo, running backs que não conseguem fazer seu trabalho...

E a culpa é do Eli?

O quarterback não está bem, é verdade. Mas daí a ser o problema do time é uma distância enorme. Mas segundo o treinador, o problema era o quarterback.

Desde o começo das críticas ao time, o treinador, que só virou treinador porque teve uns (poucos) bons anos como coordenador ofensivo, deu um jeito de criticar Eli. Que merecia algumas delas, diga-se.

Mas a culpa é do Eli?

Se Eli for o culpado pelas duas vitórias em 11 jogos, já deveria ter saído do time há tempos, né?! Fazer agora com a temporada, que já acabou para a franquia há uns dois meses, no fim de verdade é tratar todo mundo como idiota. E jogar Manning, que todos sabem que não iria discutir na imprensa, aos leões.

Mas a “passada de pano” tentada pelo treinador obviamente não deu certo. A reação foi imediata. As críticas, que eram justas e restritas a análises e torcedores descontentes, virou unânime. Ninguém saiu em defesa do treinador do Giants. Todos sabem que ele não estará no comando do time em 2018. E parece ter feito tudo isso por birra.

E a culpa é do Eli?

Quem não assume sua parcela de culpa perde o grupo de trabalho. Em qualquer trabalho. Somente nesta temporada, Dominique Rodgers-Cromartie e Janoris Jenkins foram suspensos por polêmicas no vestiário. Episódios que nunca foram bem explicados pelo treinador. E se era tudo tão grave, porque esses jogadores ficaram apenas um jogo fora? Por que ele só tentou se agarrar ao seu posto. Liderança por medo não funciona mais no esporte há tempos. Mas parece que o treinador do Giants, que é jovem e poderia valer-se disso, não percebeu isso.

E a culpa é do Eli?

Preferiu desconstruir um ídolo. Eli poderia (e até acho que mereceu em outros anos) ter ido ao banco de reservas. Mas se essa decisão trouxesse benefícios ao time. Se desse mais possibilidades de o Giants vencer. O que não é o caso. Geno Smith não é e nem será a solução. E nem parece querer isso.

E a culpa é do Eli?

Eli fez sucesso em Nova York muito pelo seu jeito de ser. É um profissional na melhor e mais completa concepção da palavra. É só dar uma busca rápida e ver a reação de jornalistas, companheiros e ex-companheiros de time e NFL. Não é possível que todo mundo esteja errado e o fraco treinador do Giants esteja certo...

E a culpa é do Eli?

Ser profissional é obrigação, claro. Mas Manning é um ótimo jogador. A comparação com o irmão é até injusta e, na minha opinião, ela sempre pesa em uma análise sobre Eli. Eli não é Peyton. Mas não precisa ser. Eli é bom. É ótimo. É capaz de ganhar jogos. E títulos.

E a culpa do fracasso deste ano é do Eli?

Pense em uma situação hipotética. Seu time perdendo por quatro pontos, faltando pouco mais de 2 minutos para o jogo acabar. Posse de bola ofensiva. Quem você quer comandando o seu time? O torcedor do Giants nem precisa pensar. Eli fez isso duas vezes em Super Bowls. Contra o New England Patriots, de Tom Brady, diga-se. Mas fez outras inúmeras e incontáveis vezes em sua carreira.

Errou? Jogou mal? Muitas vezes. Qualquer torcedor do Giants já passou muito nervoso com Eli Manning. Já deu vontade de ir ao estádio e sacudi-lo. Já gritou para ele ir embora e nunca mais voltar. Mas essa sensação passou. E o torcedor olhou para a televisão e pediu desculpas, tenha certeza.

E a culpa do fracasso deste ano é do Eli?

Eli nunca reclamou, mesmo depois das infinitas críticas, justas e injustas, que recebeu em toda a sua carreira. Quando ganhou o seu primeiro Super Bowl, sendo escolhido como o MVP do jogo, alguns chamaram de sorte. Bobagem completa. Mesmo quando ganhou o segundo alguns tentaram minimizar. Não conseguiram, claro. E não fez agora. Mesmo sabendo que a decisão de o tirar do time beira o patético. Beira não. É patética. Estúpida. Birrenta.

E a culpa é do Eli?

A culpa deste momento do Giants é de um treinador fraco e egocêntrico, de um general manager criticado há tempos e que só se mexe quando está na berlinda, de uma direção que “senta” na tradição para não tomar uma decisão e deixa explodir tudo nas mãos de um de seus maiores bens. Vão deixar Eli Manning sair e sofrer mais quantos anos na busca por um franchise quarterback?  Pobre torcedor...

A culpa NÃO é do Eli.

Ele será lembrado pelos títulos. E possivelmente por seu lugar no Hall da Fama, já que os dois anéis devem ser decisivos nessa.

Já o treinador do Giants... como é mesmo o nome dele?

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