Essa semana ouvi em muitos lugares sobre uma notícia que queriam mudar o jeito de chamar o Super Bowl. No presente nos chamamos o Super Bowl pelo número romano (LII), e apesar de acontecer em 2018, sabemos que é da temporada 2017.

Parece que algum gênio deu a sugestão de chamar de Super Bowl 2018. Que ideia de merda. Primeiro, diferente do futebol europeu e da NBA, poucos jogos da temporada acontecem no ano que o Super Bowl acontece. Não faz o menor sentido. E sempre que coisas desse tipo acontecem, sempre fico curioso para conhecer a pessoa que deu essa grande sugestão. É impossível fazer isso e nunca vai acontecer (assim espero pelo menos).

Vamos torcer para que isso não emplaque. Pronto, só precisava tirar isso da minha mente e dividir com vocês minha indignação, agora podemos falar do que realmente importa.

Philadelphia Eagles x New England Patriots

Não poderia deixar de ser diferente e acho que todos os Super Bowl que fiz aqui na coluna sempre receberam nota 5. É praticamente impossível isso acontecer, se bem que se a grande final fosse entre Jaguars e Eagles, talvez esse fosse o caso pelos quarterbacks, mas mesmo assim imaginem Nick Foles chegando ao Super Bowl do jeito que ele está chegando, e Blake Bortles ganhando em New England. Seria impossível não dar nota 5 para a final, além de dois times podendo conquistar o Troféu Lombardi pela primeira vez e várias outras histórias, porém não foi isso que aconteceu e vamos "conversar" sobre Patriots contra Eagles.

Como escrevi umas semana atrás quando aconteceu a final da NFC, a história dos Eagles também é recheada de sofrimento, e acho que o principal motivo disso são os outros times da divisão. Antes de mais nada, precisamos começar pela idade das equipes. O New York Giants foi fundado em 1925 do mesmo jeito que é até hoje, assim como os Eagles, fundado em 1933. O Washington Redkins nasceu como Boston Braves, mudou de nome para Boston Redskins, e em 1937 já estava na capital dos Estados Unidos. Da divisão mais tradicional da NFL, apenas o Dallas Cowboys é um pouco mais recente e foi estabelicido em 1960.

É fácil perceber os motivos que fazem essa divisão ser chamada de a mais tradicional da NFL.

Continuando com a história, mas agora falando sobre as conquistas dessas equipes. Os Cowboys conquistaram 5 titulos de Super Bowl e estão empatados com San Francisco 49ers e Patriots como maiores vencedores do futebol americano, atrás apenas de Steelers. Logo em seguida vem os Giants com 4 titulos e os Redskins tem 3. O único time dessa divisão e uma das franquias mais antigas da NFL nunca conquistou o Super Bowl, pior ainda, eles nunca tiveram muitas oportunidades para fazer isso. Os Eagles vão para seu terceiro Super Bowl na história - perderam o Super Bowl XV para o Oakland Raiders e o Super Bowl XXXIX para os Patriots - pouco para uma franquia tão tradicional.

Esse fato explica a festa da torcida ao conquistar a NFC na partida contra os Vikings.

Agora podemos falar sobre as lesões que assombraram os Eagles durante essa temporada. Os Eagles começaram a temporada ganhando fora de casa dos Redskins e perdendo para o Kansas City Chiefs, que tinha atropleado o New England Patriots na abertura da temporada, mas na 3ª rodada vimos o começo de uma temporada realmente mágica. Contando com um field goal de 61 jardas do calouro Jake Elliott, o mais longo da história dos Eagles, eles derrotaram os Giants pelo placar de 27 a 24. Após esse grande jogo, a equipe emplacou mais 9 vitórias seguidas, até finalmente ser derrotada pelo Seattle Seahawks na 13, mas a pior notícia da temporada aconteceria na semana seguinte.

A partida entre Los Angeles Rams e Eagles era marcante na temporada, pois além de dois bons times se enfrentando em campo, o duelo entre Carson Wentz e Jared Goff aconteceria pela primeira vez, e a carreira deles sempre ficará marcada pelo Draft de 2016 (Goff escolha 1, Wentz escolha 2). Os Eagles conquistaram a vitória jogando fora de casa, mas perderam Wentz pelo resto da temporada, até então o favorito para levar o prêmio de MVP. Vale lembrar que Wentz se juntou a outros importantes jogadores no departamento médico dos Eagles, como Jason Peters, Darren Sproles e Jordan Hicks.

A história se repetia e assim como aconteceu há alguns anos, Nick Foles seria o quarterback titular dos Eagles novamente. Em sua primeira partida como titular contra os Giants, Foles foi bem: 24 de 38 passes completados para 237 jardas e 4 touchdowns. Nos 2,5 jogos seguintes dos Eagles que o futuro não pareceu muito brilhante. A equipe terminou a temporada regular enfrentando Raiders (Monday Night) e Cowboys (Foles não esteve em campo o jogo inteiro), e o novo quarterback titular dos Eagles jogou de forma terrível. Fim da temporada regular e uma semana de folga para se preparar para o Atlanta Falcons no Divisional Round.
Durante o primeiro tempo daquela partida Foles parecia o QB que vimos nas duas últimas semanas da temporada regular. Passes horríveis e erros que não deveriam acontecer, mas um lance absurdo mudou a maré do duelo. Foles fez de tudo para ser interceptado por Keanu Neal, que chutou a bola direto nas mãos de Torrey Smith. Esse passe avançou o ataque dos Eagles e eles conseguiram chutar field goal de 53 jardas antes do primeiro tempo acabar. Desde então Foles parece outro quarterback, e não só nas famosas "RPOs" (Run-Pass Option), basta lembrar o que ele fez com a melhor defesa da NFL na final da NFC.

Depois de toda essa jornada, finalmente chegamos ao Super Bowl. Vocês viram que a história dos Eagles é de sofrimento, e não só pelos acontecimentos da temporada 2017. Não precismos ir muito longe para ver os Eagles falhando de forma inesperada, só lembrar do "Dream Team" montado para a temporada de 2011. Grande esperança para dispustar o Super Bowl, mas sequer foi aos playoffs. Ainda teve que assistir os G-Men conquistando seu 4º Troféu Lombardi em cima dos Patriots.

Se os Eagles ganharem, eles vão superar todos esses traumas e vão deixar de ser uma das piadas da NFL por nunca ter conquistado o Troféu Lombardi, e como vocês devem ter percebido, ainda podem se vingar do Super Bowl XXXIX.

Vamos mudar de lado agora, e diferente dos Eagles não há muito para escrever. Pode parecer que isso soa como birra com os Patriots, mas sinceramente, depois do último Super Bowl é exatamente isso que esperamos da franquia.

Toda temporada nós gravamos a prévia da temporada - normalmente o Raphão e o Vitor participam -  e toda temporada tenho vontade de colocar os Patriots chegando ao Super Bowl. É sem graça, é lugar comum, mas isso acontece ano após ano e não muito o que fazer e discutir. Muitos gostam de apontar os erros de arbitragem favorecendo a franquia da Nova Inglaterra, porém todos sabemos que isso é bobagem.

Comecei a assistir a NFL sem um time definido, ou seja, me apaixonei pelo esporte antes de me apaixonar pelos Steelers, e como hoje em dia tento viver falando sobre futebol americano, meu amor pela NFL é maior. Não tem como você não admirar, não aplaudir e não respeitar o que os Patriots fazem todo ano. Não importa oponentes, não importa polêmicas, não importa problemas fora do campo, lesões, todo ano eles chegam como favoritos e todo ano eles mostram os motivos disso. Diferente do meu time, que nunca derrotou Tom Brady e companhia nos playoffs da AFC, eles já derrotaram todos os times no caminho para o Super Bowl: Denver Broncos e Indianapolis Colts de Peyton Manning, os Steelers, Philip Rivers e os bons times dos Chargers, Baltimore Ravens (boa rivalidade), Colts de Andrew Luck, Kansas City Chiefs.

Sim, em todos as coisas na vida histórias novas são legais, mas ser testemunha e viver ao mesmo tempo que esse time dos Patriots é um grande prazer para quem gosta tanto do esporte. Quando a parceria Brady/Belichick terminar, eles vão ser reconhecidos como a maior DINASTIA da história. Na verdade, ela nem precisa terminar, eles já são a maior dinastia de todos os tempos de todos os esportes. Ver o nível de excelência e de sucesso dos Patriots nessa era "Robin Hood" da NFL, que faz de tudo para tirar dos ricos e dar para os pobres com mercado de agentes livres e Draft, é assustador, admirável e causa inveja nas outras 31 franquias.

Sempre vemos vocês, torcedores dos Patriots, reclamando que não falamos muito sobre Brady, Belichick e todo o resto em podcasts e outros programas, mas é justamente por isso. A gente espera isso deles e eles não se incomodam com essa expectativa e sempre entregam. Não há muito o que falar sobre esse time, apenas admirar o sucesso que esses caras tem no futebol americano. O mais engraçado é que todos que não torcem para os Patriots querem que acabe, mas assim que acabar vamos falar: "lembra da parceria Brady/Belichick? Esses caras sim entendiam de futebol americano."

Provavelmente nunca veremos algo parecido na história dos esportes coletivos e é muito bom ver isso com seus próprios olhos e não precisar de vídeos gravados e tudo mais.

PS: Mesmo assim vocês podem perder e deixar meu Steelers em paz como única franquia com 6 Troféus Lombardi e deixar os Eagles ganharem seu primeiro, mas se isso não acontecer, ter Brady e Belichick como companhia tem que ser aceitável.

Não falei muito sobre o confronto dentro de campo mesmo e se vocês sentirem falta disso, só ouvir o 10 Jardas no Ar com o preview do Super Bowl. Porém, para quem quer saber, estou muito ansioso para ver o duelo das 4 linhas, principlamente o da linha defensiva dos Eagles contra a linha ofensiva dos Patriots e como eles vão parar Fletcher Cox, a marcação dos Eagles contra os RBs dos Patriots no jogo aéreo e como eles vão alinhar para impedir que Tom Brady explore esse ponto (Amendola e Gronk também entre nessa "categoria), Belichick tentando parar o ataque dos Eagles em geral, mas principalmente os RPOs dos Eagles e Zach Ertz, duas "coisas" que tem dado muito certo até aqui, o duelo entre Doug Pederson e Josh McDaniels, que deve ser genial, e Nick Foles é claro. Será que vamos ver aquele jogador do primeiro tempo contra os Falcons ou o gênio da partida contra os Vikings?

Assim como fora de campo, esse confronto promete ser incrível dentro de campo. Será jogão.