Coluna Tackles - Finais de Conferência Temporada 2017

A NFL está chegando cada vez mais perto do final, e se você ainda não está começando a ficar nervoso por causa disso, há algo de errado na sua mente. Será um longo "inverno" até a volta do futebol americano em Setembro (pré-temporada não conta para nada), sem contar que o Fantasy acabou desde Dezembro.

Não falarei muito sobre o que aconteceu na rodada passada aqui na introdução, porque espero escrever bastante sobre os dois jogos, então sem mais demoras, vamos falar sobre eles:

 

Jacksonville Jaguars x New England Patriots

Depois dos jogadores dos Steelers - e até do técnico - falarem tanto sobre enfrentar os Patriots na final da conferência novamente, o improvável aconteceu e os Jaguars é que vão viajar até New England para desafiar a maior dinastia da história da NFL.
Ontem mesmo eu não estava fazendo nada antes de dormir e fiquei assistindo os programas do Game Pass sobre os 4 troféus que os Steelers conquistaram na década de 70. É verdade, a dinastia dos Steelers foi mais rápida em conquistar troféus, mas nada, em nenhum esporte, vai chegar perto do que estamos vendo com os Patriots.

Além de ver esses programas sobre os Steelers, também assisti o programa sobre os Rams de 1999 até 2001, conhecido como "The Greatest Show on Turf", um dos maiores times da história da NFL. O grande show comandando por Kurt Warner ganhou o Super Bowl em 1999, e em 2001, quando eles estavam prestes a se tornar uma "dinastia", os Patriots estavam do outro lado com Tom Brady em sua primeira temporada. Mesmo 14 pontos favoritos, os Rams foram derrotados pelos Patriots pelo placar de 20 a 17. Os Rams não se tornaram o que eles mais desejavam, porém, do outro lado, a maior dinastia da história da NFL nascia.

O mais interessante não foi ver o fim desse time dos Rams na derrota para os Patriots no Super Bowl, e sim o que aconteceu durante a temporada. Os Rams viajaram até New England para enfrentar os Patriots naquela temporada regular e venceram. Mike Martz, técnico dos Rams e arquiteto do ataque, disse que tinha sido um dos jogos mais complicados da temporada e sabe o que aconteceu depois? O "raio", que não parecia tão raio assim no momento, não cairia duas vezes no mesmo lugar. Bill Belichick começou a se tornar a lenda que é hoje em dia nessa temporada, ainda mais com os elogios de Martz aos Patriots logo após derrotá-los na temporada regular.

Esse é o tipo de peso que o lado oposto ao Jaguars carrega para dentro de campo: Bill Belichick e Tom Brady, com 5 anéis de Super Bowl.

Embora tenha falado tudo isso sobre os Patriots, os Jaguars não chegam mortos não, longe disso, e quem duvida, só assistir o jogo contra os Steelers. Sem dúvida os Pats são favoritos para chegar a mais um Super Bowl, mas eles vão ter que passar por uma defesa que pode ser bem chata para Tom Brady.
Falamos em vários lugares sobre esse "fator", mas vou ter que falar aqui também: Tom Coughlin faz parte da "comissão técnica" dos Jaguars e vocês não se esqueceram o que aconteceu quando o New York Giants enfrentou os Patriots no Super Bowl, certo?
Os G-Men ganharam aquelas partidas pressionando Tom Brady pelo meio e sem usar blitz, e os Jaguars são mais do que capazes de fazer isso. Esse será o grande duelo do jogo: a linha defensiva dos Jaguars contra a linha ofensiva dos Patriots, e o quanto Calais Campbell e companhia podem tirar Brady de sua zona de conforto.

A história e o jeito dos Patriots fazem eu acreditar que eles vão chegar a mais um Super Bowl - para meu extremo desespero, porque ninguém mais pode ter 6 Troféus Lombardi antes dos Steelers conquistarem o 7º - mas do outro lado tem os Jaguars, e como torcedor dos Steelers, aviso todos vocês que é bem imprudente subestimar o "pequeno" time da Flórida. Juro que não fiz isso, os Patriots não vão fazer isso, mas o meu time fez (que é os Steelers, acho que ficou claro, mas é sempre bom avisar) e pagou um preço MUITO ALTO.

Preciso falar de outra coisa que está parecendo mais séria do que era antes: a mão de Tom Brady. Segundo foi confirmado pela imprensa, Brady não treinou nessa sexta-feira. Entrar em campo machucado contra essa defesa dos Jaguars não parece ser ideal, e eu gostaria muito de conversar com o jogador envolvido no lance da lesão de Brady, coitado desse cara.

Não se enganem, tem tudo para se um grande jogo, apesar do favoritismo claro dos Patriots. Comparar Tom Brady com Blake Bortles é impossível.

Minnesota Vikings x Philadelphia Eagles

Assim como fiz no jogo anterior, precisarei falar de história para dar um pouco da dimensão que esse jogo tem, principalmente para os Vikings, que se classificaram por causa do "Milagre de Minnesota".

Antes da parte roxa do confronto, vamos falar um pouco sobre os Eagles, acho mais simples. É bem fácil entender os motivos que fazem eles serem sofredores. O Philadelphia Eagles tem uma das torcidas mais fanáticas da NFL (e talvez menos racionais), é um dos times mais tradicionais da liga, faz parte da divisão mais tradicional da liga, está em um grande mercado e mesmo assim eles não tem 1 Super Bowl. Enquanto isso, Cowboys tem 5 Super Bowls, Giants tem 4 e Redskins tem 3.

Imaginem como é a vida dos torcedores dos Eagles. A franquia, que existe desde 1933, nunca ganhou 1 Troféu Lombardi, enquanto todos seus maiores rivais colecionam titulos. Pior ainda é pensar que eles só chegaram duas vezes ao jogo decisivo: uma em 1980 quando perderam para o Oakland Raiders (27 a 10), e outra em 2004 quando perderam por 24 a 21 para os Patriots, que fazia a dobradinha e também conquistava seu terceiro titulo em 4 anos.

História complicada para os Eagles, que se passarem podem enfrentar o carrasco da temporada 2004.

Agora a dos Vikings é um pouco pior. Buffalo Bills e Minessota Vikings são os únicos times que perderam 4 Super Bowls - tudo bem que os Bills são um pouco piores, afinal perderam 4 seguidas para oponentes da NFC East - é verdade que outros times até já perderam mais Super Bowls que essas duas franquias (Denver Broncos 5 e New England Patriots também perdeu 4 finais), mas eles fizeram algo que os Vikings nunca fizeram, CONQUISTARAM O SUPER BOWL.

Calculem o que está passando na cabeça da torcida do Minnesota Vikings. Além de quebrar a maldição e conquistar seu primeiro Troféu Lombardi, o time pode ser o primeiro a fazer isso jogando em casa. É uma história muito perfeita para não acontecer, ainda mais com improváveis heróis comandando tal façanha, como Case Keenum, e com a superação de vários obstáculos como as lesões de Sam Bradford e Dalvin Cook (os Eagles também tem forte argumento nesse ponto, afinal perderam Carson Wentz, que provavelmente seria o MVP dessa temporada). 

O problema de Minnesota fica um pouco maior quando recordamos outros fatos marcantes na história de sofrimento dessa torcida, e não é pouco sofrimento, longe disso.

Antes de mais nada, é bom lembrar que os Vikings foram fundados em 1961, 1 ano após a ida dos Lakers para Los Angeles.

O primeiro desses momentos complicados aconteceu na década de 70, mais precisamente em 1975, quando os Vikings eram uma das principais forças da NFL ao lado de Cowboys, Steelers, Raiders e Dolphins (para citar alguns). Os Vikings, liderados pela linha defensiva carinhosamente apelidade de "Purple People Eaters", jogavam em casa o Divisional Round contra os Cowboys.
Perdendo por 14 a 10 e com poucos segundos restando no relógio da partida, Roger Staubach lançou a primeira "Hail Mary" da história para Drew Pearson, e os Cowboys viraram a partida para 17 a 14 e ganharam o jogo.
Houve muita reclamção de uma falta de Pearson, mas as Zebras validaram o lance, que mais tarde entraria para a história. Felizmente para todos, os Cowboys perderam o Super Bowl para os Steelers (hahahahaha).

Claro que o sofrimento pode ficar maior quando pegamos o sucesso que o time tinha e mesmo assim não conquistava o Troféu Lombardi. Em 12 temporadas (1968 até 1979), foram 10 aparaições nos playoffs e 4 Super Bowls perdidos (Chiefs em 69, Dolphins em 73, Steelers em 74, e Raiders em 76). Claro que torcedores dos Lions e Browns podem argumentar que é melhor chegar perto do que nunca chegar, mas não deve ser legal perder tanto assim.
E sim, desde 1976, Super Bowl XI, os Vikings não chegam a grande final da NFL. Então precisamos continuar com a história de sofrimento, porque eles chegaram perto várias vezes.

Continuando com os problemas dos Vikings e o Super Bowl, vamos para a temporada de 1998. O time roxo mais legal da NFL (claro que não é o Ravens) chegou aos playoffs com a intimidadora campanha de 15 vitórias e apenas 1 derrota durante a temporada regular e eles receberam o Atlanta Falcons para decidir quem iria para o Super Bowl. Jogando em casa e com essa grande campanha, os Vikings eram favoritos para ganhar o duelo, mas as coisas começaram a desandar perto do apito final.
Com apenas 49 segundos no cronômetro da Final de Conferência, os Falcons empataram a partida em 27 a 27, mas isso só foi possível, porque o impossível aconteceu na campanha anterior.
Antes de recuperar a bola e fazer o TD que empatou o confronto, os Falcons viram sua esperança minguar quando os Vikings poderiam chutar field goal fácil para deixar a vantagem em 10 pontos. Gary Anderson, que havia convertido 122 chutes consecutivos, não errava field goals em 2 anos e tinha sido perfeito durante a temporada regular de 1998, entrou para "decicidir" a partida para os Vikings. Com esse tipo estatística era quase impossível imaginar que Anderson erraria um field goal de 38 jardas, porém foi exatamente isso que aconteceu.
Depois de empatar em 27 a 27 e levar o jogo para a prorrogação, os Falcons ganharam quando Morten Andersen converteu um field goal de 38 jardas, praticamente o mesmo chute que Anderson errou no 4ª período.

O próximo momento aconteceu na temporada de 2009, quando os Vikings contavam com Brett Favre como quarterback. Durante a final da NFC contra os Saints, os Vikings poderiam ganhar nos segundos finais da partida, não fosse uma interceptação lançada pelo veterano. Se Favre decidisse correr com a bola e não tentar o passe, os Vikings poderiam tentar Field Goal de 50 e poucas jardas, mas isso não aconteceu e os Saints ganharam na prorrogação. Além dessa dolorida interceptação de Favre (e outra que ele já tinha lançado), os Vikings sofreram mais 3 fumbles recuperados pelos Saints.

A lembrança final é mais recente ainda e a maioria de vocês que está lendo deve lembrar bem. Os Vikings receberam a visita do Seattle Seahawks na semana Wild Card e a promessa era de um jogo defensivo e nervoso, afinal ele aconteceria no estádio da Universidade de Minnesota sem proteção contra o frio extremo. Como previsto, o jogo foi apertado e os Seahawks ganhavam por 10 a 9, quando Blair Walsh teve a oportunidade para chutar o Field Goal de 27 jardas que daria a vitória ao seu time. O chute foi muito para esquerda e os Vikings foram eliminados pelos Seahawks.

Pode ter certeza que a torcida dos Vikings ficou recordando esses momentos enquanto assistia os Saints virar a partida do último domingo, mas o "Milagre de Minnesota" feito por Diggs é o tipo de coisa com poder suficiente para quebrar maldições que duram desde o final de década de 60.
Vocês já me viram falar sobre o documetário do Red Sox da série 30 for 30 da ESPN, certo? O time de Boston virou a série contra os Yankees, depois de estar perdendo por 3 jogos a 0, e avançaram até a final da MLB e venceram depois de MUITO tempo (não ganhavam desde 1918). O milagre de Diggs pode se comparar ao que os Red Sox fizeram? Se sim, ele realmente pode ter quebrado essa maldição e momento é bem importante no esporte.

Como vocês podem ver, o segundo jogo é o melhor da rodada, mas seria impossível não dar 5 pokébolas para as duas Finais de Conferência.
Não se deixem enganar, escrevi mais sobre os Vikings por toda essa história, mas os Eagles também tem argumentos suficientes para validar o rótulo de torcida sofredora e merecedora de outra ida ao Super Bowl, então se preparem, porque vai ser um domingo bem foda.

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